No que Cremos
A Reforma Protestante
No dia 31 de outubro de 1517, o monge Martinho Lutero afixou suas 95 teses na Catedral de Wittemberg na Alemanha, em protesto aos abusos promovidos pela igreja de seu tempo. Esse acontecimento marcou o grande avivamento espiritual ocorrido no século XVI promovendo uma grande reforma nos corações dos ministros do Evangelho, dos reis e do povo em geral à medida que a Bíblia tornava-se novamente a única regra de fé e prática da Igreja de Cristo.
Nossa Origem
A origem da Igreja Presbiteriana encontra-se nesse período da história. Ela é a correspondente calvinista na Grã-Bretanha da Igreja Reformada no continente europeu. Sua forma histórica mais característica provém da igreja calvinista escocesa, fundada por John Knox no século XVI, e das igrejas puritanas inglesas do século XVII. Desses países, o presbiterianismo expandiu-se para o mundo, sendo uma das denominações protestantes históricas mais conhecidas em países tão distintos como os Estados Unidos e a Coréia do Sul. No Brasil, o presbiterianismo foi estabelecido por missionários norte-americanos, no século XIX. Do Rio Janeiro até alcançar todos os Estados da nossa imensa federação já somamos 151 anos de presbiterianismo brasileiro.
Em que Cremos?
A doutrina da Igreja Presbiteriana é conservadora e genuinamente reformada. Ela adota como símbolos (ou resumos) de fé a Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Menor de Westminster, redigidos entre 1643 e 1646, por cerca de 160 teólogos ingleses e escoceses. Cremos que estes documentos teológicos reformados expressam com precisão o ensino da Palavra de Deus.
Os reformadores empregaram cinco termos latinos para resumirem a sua fé. Como herdeiros da Reforma Protestante nós os subscrevemos. São eles:
(1) Sola Scriptura (só a Escritura). A base da nossa doutrina, forma de governo, culto e práticas eclesiásticas não está no tradicionalismo, no racionalismo, no subjetivismo ou no pragmatismo, mas na doutrina reformada acerca das Escrituras. Cremos que a Palavra de Deus registrada no Antigo e no Novo Testamento, embora escrita por autores humanos, foi inspirada por Deus (2 Tm 3:16), de modo a garantir sua inerrância, autoridade, suficiência e clareza. As Escrituras são, portanto, a autoridade suprema pela qual todas as questões doutrinárias e eclesiásticas devem ser decididas (Dt 4:2). Esta doutrina é importantíssima na preservação e purificação da igreja.
(2) Solos Christus (só Cristo). Não temos nenhum outro mediador pelo qual o homem seja reconciliado com Deus, a não ser Cristo, a segunda pessoa da Trindade (1 Tm 2:5), o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1:29). Cremos que a sua morte expiatória na cruz expia (paga e elimina) completamente a culpa de todos aqueles que nele creem (Rm 3:24-25), redimindo-os do pecado (Ef 1:7); e que a sua vida perfeitamente justa, santa e obediente à lei de Deus, lhe permite justificar (considerar justo) todos quantos o Pai lhe deu (Jo 6:37,39,65).
(3) Sola Gratia (só a graça). Cremos que a salvação do homem não decorre de nenhum tipo de boas obras que venha a realizar, mas sim do favor imerecido de Deus (Rm 3:20,24, 28). Em decorrência da queda, todo ser humano nasce com uma natureza totalmente corrompida, de modo que não pode vir a agradar a Deus, a não ser pela ação soberana e eficaz do Espírito Santo, o único capaz de iluminar corações em trevas e convencer o homem do pecado, da culpa, da graça e da misericórdia de Deus em Cristo Jesus (Rm 3:19,20).
(4) Sola Fide (só a fé). O meio pelo qual a ação regeneradora do Espírito Santo é aplicada ao coração humano é a fé. Nenhum homem pode ser salvo, a não ser que creia na eficácia da obra de Cristo, confiando-se inteira e exclusivamente a ele (Rm 1:17; Ef 2:8-9). Entendemos por fé, não um sentimento vago e infundado, mas o dom do Espírito Santo, pelo qual um ser humano convencido da culpa e do pecado se arrepende e estende as mãos vazias para receber de Deus o perdão imerecido (Rm 5:1; Hb 11:6).
(5) Soli Deo Gloria (só a Deus glória). Cremos em um Deus absolutamente soberano, Senhor da História e do Universo, “que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade” (Ef 1:11). Cremos que na obra da salvação toda a glória pertence a Deus. O fim principal do homem e da religião não é o bem-estar, a saúde física, a prosperidade, a felicidade, ou mesmo a salvação do homem. É, sim, a glória de Deus, o louvor da santidade, justiça, fidelidade, poder, sabedoria, graça, bondade e de todos os atributos de Deus. Deus não existe para satisfazer as necessidades do homem. O homem é que foi criado para o louvor da glória de Deus (Rm 11:36; Ef 1:6-14).A história nos ensina que Deus em sua soberania e fidelidade levantou no passado homens doutos e também simples para cumprir o seu propósito de manifestar a glória de Cristo por meio da pregação do Evangelho. De tempos em tempos, Ele vocaciona homens para promoverem uma nova reforma, um novo retorno às Escrituras.
Pr. Alan Kleber